Ao contrário de 2024, a florada parece estar mais uniforme, mas a questão do pegamento ainda é incerta.
A recente precipitação que afetou as regiões cafeeiras do Brasil trouxe um alívio significativo para os produtores, já que o volume de água, entre 20 e 25 milímetros, foi suficiente para impulsionar a floração para a safra de 2026. “Esse volume é adequado para estimular a floração do café. Após um período de estresse intenso, é esperado que a lavoura comece a florescer. A velocidade do florescimento varia de acordo com a variedade, a localização, a região do produtor e até o microclima local. O que estamos observando em várias áreas é a questão da desfolha. Lavouras bastante desfolhadas têm apresentado uma boa floração”, explicou o engenheiro agrônomo e consultor em cafeicultura, Jonas Leme Ferraresso.
A fase das floradas é crucial para a próxima safra no Brasil. De acordo com informações da Reuters, os cafezais de Minas Gerais, a principal região produtora de café arábica, têm registrado floradas exuberantes em algumas áreas, mas o pegamento e o desenvolvimento dos frutos dependerão das chuvas. “A florada é apenas o início. O ideal é que, após essa florada, haja, no mínimo, de 40 a 60 milímetros de chuvas acumuladas nos dias seguintes, para garantir um bom pegamento”, complementou Ferraresso.
Conforme Juliano Tarabal, diretor executivo da Federação dos Cafeicultores do Cerrado Mineiro, na região do Cerrado, a abertura das flores foi bastante ampla, mas as temperaturas elevadas geram preocupação. “O pegamento dependerá muito de um bom regime de chuvas nas próximas semanas. Outro fator preocupante é a alta temperatura, pois isso também pode afetar o pegamento”, alertou.
Nas áreas cafeeiras monitoradas pela Minasul, a abertura das flores tem ocorrido de forma bastante irregular. “O que estamos notando é que algumas propriedades apresentam uma floração lenta e parcelada, possivelmente em decorrência das condições climáticas adversas. A distribuição das chuvas e as temperaturas variáveis influenciaram de maneira significativa o processo, resultando em áreas com floração e outras sem. A uniformidade habitual da floração, com predominância da cor branca, não se manifestou amplamente pela região”, destacou o gerente da mesa de operações e trader da Minasul, Héberson Vilas Boas Sastre.
Apesar de serem mais resilientes às adversidades climáticas, as lavouras de café conilon também foram afetadas pelo estresse natural causado pelo período de estiagem e pelas baixas temperaturas do inverno. O engenheiro agrônomo e consultor técnico da Cooabriel (Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel), Perseu Fernando Perdoná, afirmou que as chuvas foram bem distribuídas nas regiões produtivas de conilon, resultando em uma primeira florada muito boa. “A segunda florada foi bastante similar, mas com uma particularidade: em algumas áreas, o volume de chuva foi menor. Nesses locais, houve estimulação, mas como a umidade do solo estava reduzida, a abertura das flores não foi completa, o que comprometeu parte da fecundação”, acrescentou o agrônomo.
Confira alguns registros das floradas do café pelo Brasil:
