Por May Angel e Marcelo Teixeira
LONDRES/NOVA YORK (Reuters) – Traders internacionais estão enviando aproximadamente 150.000 sacas de 60 kg de café arábica brasileiro para os armazéns da bolsa ICE na Europa, uma ação que pode auxiliar na reposição dos estoques e na redução dos preços quase recordes, afirmaram quatro fontes do setor à Reuters.
As fontes, que incluem três traders e um corretor, mencionaram que os operadores estão enviando o café devido à queda nos preços físicos no Brasil, o maior produtor mundial de café, que tornou lucrativa a entrega dos grãos à bolsa.
“Estamos enviando 60.000 sacas”, declarou o chefe de negociação de café no Brasil de uma das maiores tradings de commodities agrícolas do mundo, confirmando que sua empresa estava entre as que estavam embarcando os grãos e acrescentando que pretende enviar mais se a operação for bem-sucedida.
Atualmente, os estoques de café arábica na ICE estão no menor nível em um ano e meio, em torno de 430.000 sacas de 60 kg, próximos dos níveis observados no final de 2023, quando caíram para o ponto mais baixo em mais de duas décadas.
A diminuição dos estoques ajudou a manter os futuros do café arábica da ICE, que são utilizados para precificar o café físico globalmente, perto dos níveis recordes.
As entregas das 150.000 sacas de 60 kg podem ajudar a amenizar a alta, mas será necessário um volume muito maior para que os estoques atinjam níveis confortáveis, de acordo com duas das fontes.
As entregas ocorrerão no primeiro contrato do café arábica da ICE, que expira em 18 de dezembro, mas uma das fontes afirmou que espera que outras 100.000 sacas de 60 kg cheguem antes do contrato do segundo mês, que vence em 19 de março.
Os traders começaram a planejar o embarque do café em agosto, quando os preços físicos no Brasil para os tipos que podem ser certificados na bolsa caíram para um desconto de cerca de 18 a 20 centavos de dólar por libra-peso em relação ao contrato do primeiro mês da ICE.
O responsável pelo trading de café baseado no Brasil indicou que há cerca de 12 centavos de dólar por libra-peso em custos logísticos envolvidos no transporte do café do Brasil para a Europa, de modo que qualquer desconto maior do que esse torna a operação lucrativa.
(Reportagem de May Angel e Marcelo Teixeira)











