Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) – As exportações de café verde do Brasil em outubro diminuíram 20,4% em relação ao mesmo mês do ano anterior, com o maior exportador mundial enfrentando os impactos de uma safra em 2025 que não atingiu seu potencial produtivo e das tarifas aplicadas pelos Estados Unidos, que é o principal importador dos grãos brasileiros, conforme informou o Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé) nesta quarta-feira.
No total, foram exportadas 3,83 milhões de sacas de 60 kg, sendo 3,385 milhões de sacas de arábica, o que representa uma queda de 12,9% em comparação anual, e 446,7 mil sacas de café canéfora, com uma redução de 51,9%, segundo os dados do Cecafé.
As exportações totais, incluindo café industrializado, totalizaram 4,14 milhões de sacas em outubro, uma diminuição de 20% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando os embarques ultrapassaram 5 milhões de sacas, um recorde histórico.
“A diminuição nas exportações já era esperada, especialmente considerando que viemos de remessas recordes em 2024 e de uma safra com menor potencial produtivo”, comentou o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira.
“Entretanto, o cenário foi piorado pela infraestrutura deficiente nos portos brasileiros… e pela alta tarifa de 50% imposta pelos EUA, que reduziu significativamente os embarques para aquele país”, acrescentou Ferreira em nota.
Em termos de receita, o setor apresentou um crescimento de 12,6% em comparação ao mesmo período, totalizando US$1,654 bilhão, refletindo os preços mais elevados no mercado internacional. No mercado de Nova York, os valores têm sido mais altos devido à escassez provocada pelos menores embarques do Brasil.
No acumulado de agosto até o final de outubro – período em que vigorou a tarifa de 50% dos EUA sobre os cafés importados do Brasil -, os norte-americanos adquiriram 983.970 sacas, o que representa uma queda de 51,5% em relação aos mesmos três meses de 2024, segundo o Cecafé.
“O Brasil sempre foi o produtor mais competitivo e é o principal fornecedor para o mercado de café dos EUA, mas a taxação de 50% torna inviável o envio do produto para lá. Os embarques que temos observado são de contratos anteriores”, afirmou Ferreira.
De janeiro até o final de outubro deste ano, o Brasil exportou 33,3 milhões de sacas de café, uma queda de 20,3% em relação aos primeiros 10 meses de 2024. Por outro lado, a receita teve um aumento de 27,6% na mesma comparação, alcançando US$12,7 bilhões.











