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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto nesta quinta-feira (20) para suspender os impostos de importação sobre a carne bovina brasileira, o café e alguns outros produtos agrícolas, como o suco de laranja, que foram afetados pela tarifa de 40% anunciada em julho, conforme informou a Casa Branca.
O decreto também elimina tarifas de 40% sobre as importações de peças de aeronaves brasileiras.
As novas medidas entrarão em vigor a partir de 13 de novembro e poderão possibilitar o reembolso das tarifas anteriormente cobradas sobre esses produtos, segundo o comunicado da Casa Branca.
Entenda esse desfecho
A suspensão das tarifas sobre carne, café, suco de laranja e outros produtos brasileiros é uma consequência de uma crise iniciada quando Donald Trump usou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro como justificativa para penalizar o Brasil. Em 2025, durante seu segundo mandato, Trump implementou um pacote abrangente de tarifas e, em julho, aumentou para 50% a taxação sobre algumas importações brasileiras, justificando a medida como parte de uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente. Produtos nos quais o Brasil é um grande fornecedor e os Estados Unidos, grandes compradores, foram afetados.
Ricardo Stuckert/Palácio do Planalto
Encontro entre os presidentes Donald Trump e Lula
O governo brasileiro respondeu em duas frentes: acionou a OMC, aprovou a Lei da Reciprocidade Comercial para permitir a aplicação de contra-tarifas e, no discurso da ONU, Lula passou a criticar ações unilaterais que, segundo ele, violam a soberania. Ao mesmo tempo, Trump afirmou ter “química” com Lula, destacando uma relação marcada por tensões e estratégias políticas. Com o diálogo estagnado, exportadores expressavam preocupações sobre a perda de competitividade, e o Planalto lançou o plano Brasil Soberano para absorver parte da produção afetada em programas públicos. Lula insistiu que não negociaria sob pressão.
A mudança de cenário ocorreu em outubro. Em 6 de outubro, Lula e Trump realizaram uma videoconferência de meia hora para discutir comércio, tarifas e sanções, comprometendo-se a manter as negociações técnicas e buscar um encontro presencial. Esse encontro ocorreu em 26 de outubro, em Kuala Lumpur, durante uma cúpula asiática. Lula saiu otimista e Trump indicou que poderiam chegar a um acordo, sinalizando espaço para concessões se houvesse ganhos políticos e econômicos.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, tarifas elevadas e uma oferta restrita aumentaram os preços de café, suco de laranja e carne bovina, pressionando a Casa Branca. Em meados de novembro, Trump reduziu uma tarifa geral sobre o café, mas manteve a sobretaxa focada no Brasil, o que foi considerado uma distorção. A fase final das negociações ocorreu em 13 de novembro, em uma nova rodada entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, que ajustou a lista de produtos agrícolas que poderiam ser isentos da alíquota extra de 40%.
