Reuters
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A indústria de café solúvel informou nesta sexta-feira que continua em negociações com o governo brasileiro para conseguir a isenção tarifária dos Estados Unidos sobre o produto, após o presidente Donald Trump ter assinado, no dia anterior, uma ordem que eliminou a taxa de 40% sobre os grãos verdes brasileiros.
O café in natura já havia recebido a isenção da tarifa recíproca de 10%, mas o café solúvel ainda enfrenta a taxa total de 50%.
Os EUA são, tradicionalmente, os maiores importadores de café solúvel do Brasil, representando 20% do volume total exportado pelo país, equivalente a cerca de US$200 milhões.
“A manutenção da tarifa compromete a competitividade do produto brasileiro, beneficiando outras origens”, afirmou a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), um setor que gera anualmente divisas de US$1,1 bilhão ao Brasil, com mais de 4 milhões de sacas exportadas.
Em 2024, por exemplo, o café solúvel brasileiro representou 38% das importações totais desse produto pelos EUA, conforme a associação.
Com as tarifas, pela primeira vez na história, as estatísticas de exportação de café solúvel em outubro indicaram que os EUA deixaram de ser o principal destino do produto brasileiro, com a Rússia assumindo essa posição.
A associação alertou sobre o risco iminente de que o café solúvel brasileiro seja permanentemente substituído por produtos de outras origens nas prateleiras dos supermercados norte-americanos.
“E, uma vez perdida essa fatia de mercado e a lealdade do consumidor, a recuperação futura será uma tarefa extremamente desafiadora, com repercussões duradouras para toda a cadeia produtiva nacional, desde os cafeicultores até as indústrias e seus trabalhadores”, afirmou.
De acordo com a Abics, a decisão do governo Trump “contrasta com o progresso geral nas negociações bilaterais e representa um desafio contínuo para o setor”.
“Apesar desse revés, a Abics reafirma seu compromisso inabalável com a continuidade das negociações. Estamos mobilizados e engajados em todas as frentes diplomáticas e comerciais para buscar a isenção total do café solúvel das tarifas adicionais.”
Outras entidades do setor, como o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil e a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), celebraram a eliminação das tarifas totais sobre os cafés verdes do Brasil.
Nesta sexta-feira, os preços do café na bolsa de Nova York caíam mais de 4%, com o mercado esperando o retorno do produto brasileiro ao mercado norte-americano.
O Brasil, maior produtor e exportador de café, fornece aos Estados Unidos, o maior consumidor do mundo, cerca de um terço das importações totais dos EUA.











