Relatório da Hedgepoint Global Markets que aponta que, apesar da eliminação das tarifas sobre grãos brasileiros, os estoques limitados e os atrasos na colheita do Vietnã podem restringir correções no curto prazo.
O mercado global de café passa por um período de transição após a suspensão das tarifas adicionais de 40% sobre os grãos brasileiros (exceto café solúvel), anunciada em 20 de novembro. Embora essa medida tenha proporcionado um alívio imediato, os baixos estoques certificados e nos destinos, juntamente com os desafios climáticos em regiões produtoras importantes, sugerem que os preços podem permanecer sustentados no curto prazo.
A decisão dos Estados Unidos de remover as tarifas adicionais inicialmente pressionou os futuros do arábica, que alcançaram a menor cotação em dois meses. Contudo, os preços se recuperaram parcialmente nos dias subsequentes, apoiados pela escassez de estoques e pela postura cautelosa dos cafeicultores brasileiros, que continuam relutantes em vender grandes volumes da safra 25/26. “Esse comportamento reforça a percepção de que, mesmo com o alívio tarifário, a oferta disponível para exportação continua restrita,” avalia Laleska Moda, analista de café da Hedgepoint.
Os estoques certificados de arábica permanecem historicamente baixos, encerrando a última semana com 406,9 mil sacas, uma redução de 54,96% no acumulado do ano. Os estoques de robusta também diminuíram, alcançando 755 mil sacas, enquanto a colheita no Vietnã continua atrasada devido a chuvas intensas e tempestades associadas ao fenômeno La Niña. Nos destinos, a situação não é diferente: os estoques da União Europeia caíram para 7,8 milhões de sacas, o menor nível desde maio, e os estoques no Japão também estão abaixo da média histórica.
Apesar da escassez, a demanda apresenta sinais de recuperação. O consumo aparente na UE encerrou a safra 24/25 acima da média de 10 anos e iniciou a temporada 25/26 com vigor, impulsionado pelo inverno no Hemisfério Norte. Esse cenário, aliado aos baixos estoques, deve sustentar os preços no curto prazo, com suporte para o contrato de março/26 em torno de 350 c/lb. Entretanto, 2026 pode trazer correções, à medida que a safra 26/27 do Brasil se desenvolve adequadamente e novos suprimentos do Vietnã e da América Central entram no mercado.
Segundo a analista, a suspensão das tarifas foi um fator positivo para o mercado, mas não resolve o principal desafio. “Os estoques continuam em níveis historicamente baixos. Além disso, os atrasos na colheita do Vietnã e a postura cautelosa dos produtores brasileiros devem manter suporte aos preços no curto prazo,” afirma Laleska Moda.











