Após a conclusão da colheita, a Hedgepoint apresenta uma análise minuciosa das mudanças em seus números.
As chuvas nas principais regiões produtoras de arábica durante a maior parte de 2024, especialmente na fase de floração do ciclo 25/26, ficaram aquém da média, impactando negativamente a safra. Em 2025, apesar das chuvas favoráveis em janeiro e no início de fevereiro, o veranico afetou as regiões cafeeiras de Minas Gerais e São Paulo, resultando em uma diminuição na produtividade geral da safra.
Relatórios da Hedgepoint Global Markets apontam uma redução nas estimativas para o Arábica, de 39,6 milhões de sacas para 37,7 milhões de sacas, em comparação à última projeção (disponível neste link), o que representa uma queda de 13,3% em relação aos números de 24/25. Por outro lado, a estimativa para o Conilon/Robusta aumentou para 27 milhões de sacas, um acréscimo de 30% em relação a 24/25. Isso resultou em uma produção total de 64,7 milhões de sacas, um leve crescimento de 0,7% em comparação a 24/25.
Regionalmente, o Cerrado Mineiro teve precipitação em níveis iguais ou superiores aos históricos em 2024 e 2025, o que contribuiu para uma precipitação acumulada em Minas Gerais mais próxima das médias, especialmente em 2024. Contudo, tanto o Sul de Minas quanto a Zona da Mata apresentaram níveis de precipitação inferiores. Essa situação refletiu na produtividade das regiões, evidenciada após a colheita. Ambas as áreas enfrentaram problemas de qualidade, com uma maior proporção de grãos moca, mas a safra apresentou uma porcentagem maior de peneiras 17/18 em comparação à safra 24/25.
Minas Gerais: Precipitação Acumulada em Áreas de Café (mm)
Minas Gerais: Precipitação Mensal Ponderada em Áreas de Café (mm)
“Em São Paulo, a escassez de chuvas foi generalizada, resultando em problemas de qualidade e produtividade semelhantes aos enfrentados pelas regiões sul de Minas Gerais e Zona da Mata. Diante desse cenário, a produção de arábica foi revista para baixo em relação à previsão inicial da Hedgepoint, agora em 37,7 milhões de sacas, o que representa uma queda de 13,3% em comparação à safra 24/25”, destaca Laleska Moda, analista de inteligência de mercado da Hedgepoint Global Markets.
Segundo ela, as perspectivas para a safra 26/27 ainda são incertas. Embora as chuvas intensas em abril tenham prejudicado a colheita de 25/26, elas melhoraram as condições dos cafeeiros. “Além disso, os preços elevados do café nos últimos anos possibilitaram que os agricultores investissem mais em suas lavouras, o que sugere um potencial positivo para a safra 26/27. No entanto, o próximo ciclo dependerá significativamente das chuvas nos próximos meses, essenciais para a floração dos cafezais”, afirma.
Por outro lado, a analista ressalta que as áreas de Conilon, especialmente nos estados do Espírito Santo e da Bahia, tiveram condições mais favoráveis para o desenvolvimento da safra 25/26, com níveis de precipitação dentro da média. “As previsões climáticas são mais otimistas, e os agricultores também têm investido mais em suas lavouras devido aos preços elevados do café desde o final de 2023. Esses fatores resultaram em uma produtividade e rendimentos de processamento superiores ao esperado. Assim, a estimativa de produção para essa variedade foi elevada para 27 milhões de sacas, um aumento de 30% em relação à safra 24/25”, explica.
Expectativa para produção no Espírito Santo
O relatório destaca que as flores da safra 26/27 começaram a abrir, principalmente no Espírito Santo, um indicativo positivo para o próximo ciclo. Desde agosto, o clima no estado e na parte sul da Bahia (a principal região produtora de conilon do estado) trouxe mais chuvas, essenciais para o pegamento das flores. Além disso, é importante ressaltar que os cafeicultores aumentaram as áreas de produção de conilon nos últimos anos, com algumas já produzindo na safra 26/27. Se as condições climáticas continuarem favoráveis, espera-se resultados positivos na próxima safra.
A diminuição da produção de Arábica e o aumento da produção de Conilon também deverão impactar a demanda interna e os números das exportações, devido às mudanças nos preços e na disponibilidade. A atual diferença entre os preços do Arábica e do Conilon pode levar a um aumento no uso do Conilon no mix do país, à medida que as indústrias brasileiras buscam maneiras de reduzir custos. “Na verdade, embora a maioria dos cafeicultores esteja atualmente vendendo apenas pequenos volumes, os produtores de Conilon estão redirecionando a maior parte de suas vendas para o mercado interno”, afirma.
De acordo com a analista, portanto, espera-se uma diminuição mais acentuada no uso do Arábica no mercado brasileiro, mas um aumento no uso do Conilon na safra 25/26. Contudo, a demanda interna total pode sofrer uma leve queda de 1,2%, em razão dos preços mais altos atuais, totalizando 21,7 milhões de sacas. Em relação às exportações, a menor disponibilidade de Arábica e a atual arbitragem entre os preços futuros do Arábica e do Robusta podem resultar em uma redução nas exportações de Arábica na safra 25/26, uma vez que os destinos podem favorecer o consumo de Robusta.
A situação atual das tarifas entre os EUA e o Brasil também pode influenciar esse cenário, considerando que os EUA importam a maior parte de seu café Arábica do Brasil. “Prevemos uma ligeira redução nas exportações brasileiras de Conilon, já que uma parte significativa da produção brasileira será direcionada ao mercado interno. Além disso, outras origens, como Vietnã, Indonésia e Uganda, devem aumentar suas exportações devido às perspectivas favoráveis de produção e diferenciais mais competitivos”, conclui.
Brasil: Hedgepoint – Oferta e Demanda de Arábica (M scs)
Brasil: Hedgepoint – Oferta e Demanda de Conilon (M scs)











