Mercado de Café em Queda: Impactos e Perspectivas para a Zona da Mata Mineira
O mercado global de café enfrenta um momento de intensa volatilidade, com quedas significativas nos preços, especialmente no contrato futuro do café robusta. Essa movimentação, refletida nas bolsas internacionais, tem gerado preocupação entre produtores da Zona da Mata Mineira, que acompanham de perto os impactos da nova safra e do comportamento dos fundos especulativos.
Quedas no Robusta e Oscilações no Arábica
Na manhã desta quarta-feira (09), o contrato de robusta julho/25 registrou queda de 2,66%, cotado a US$ 3.861/tonelada. Já os contratos futuros de setembro e novembro/25 caíram mais drasticamente, sendo negociados a US$ 3.477 e US$ 3.417/tonelada, respectivamente.
O café arábica, mais representativo na produção da Zona da Mata, apresentou comportamento misto: o contrato julho/25 teve alta de 735 pontos, alcançando 287,40 cents/lbp, enquanto os contratos de setembro e dezembro/25 recuaram para 282,95 e 277,75 cents/lbp.
Fundamentação do Mercado: Estoques Baixos e Clima Irregular
De acordo com o boletim do Escritório Carvalhaes, os fundamentos permanecem inalterados: os estoques globais seguem em níveis historicamente baixos, tanto nos países exportadores quanto nos importadores. Além disso, o clima irregular nas regiões produtoras, como a Zona da Mata, contribui para a instabilidade nas colheitas e, consequentemente, na formação de preços.
Apesar da previsão de um aumento na oferta com a entrada da nova safra brasileira, a instabilidade climática — especialmente o inverno seco — pode afetar a qualidade do grão e a regularidade da colheita. A previsão para julho e agosto é de chuvas escassas, exigindo atenção redobrada dos produtores com a irrigação e manejo do solo.
Pressão Especulativa e Entrada da Nova Safra
A expectativa de uma colheita expressiva no segundo semestre está pressionando os preços futuros, principalmente pela ação de fundos e especuladores que apostam na queda das cotações. No entanto, a colheita da safra 2025/26 segue ritmo levemente abaixo do ano anterior (35% colhida contra 37% em 2024), mas dentro da média dos últimos cinco anos.
A Zona da Mata, uma das principais produtoras de café arábica do Brasil, acompanha com cautela essa movimentação. Mesmo com condições climáticas relativamente favoráveis à colheita, o cenário de preços pode reduzir a rentabilidade dos pequenos e médios produtores.
Perspectivas para os Produtores da Zona da Mata
A orientação para os produtores é manter a atenção ao mercado internacional, avaliar oportunidades de venda com base em contratos futuros e acompanhar os boletins climáticos. Com a seca prevista para os próximos meses, será necessário investir em irrigação e planejamento técnico para garantir a produtividade da próxima safra.
Enquanto o mercado global busca se ajustar a uma nova realidade de oferta, demanda e sustentabilidade, a Zona da Mata Mineira precisa fortalecer sua posição com estratégias de gestão de risco, qualidade e diferenciação do produto.