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O Brasil está se preparando para superar o Vietnã como o maior produtor global de café robusta, impulsionado pela resiliência climática da cultura e pela crescente demanda no mercado, conforme um relatório do banco holandês Rabobank divulgado na quinta-feira.
A produção de café robusta no Brasil tem crescido de maneira constante nos últimos anos e, segundo a previsão do Rabobank, deverá alcançar 24,7 milhões de sacas de 60 kg em 2025, comparado a 19 milhões de sacas em 2020. Espera-se que o Vietnã produza cerca de 30 milhões de sacas de robusta em 2025/26, conforme o Departamento de Agricultura dos EUA.
O robusta apresenta um perfil de sabor mais forte e um maior teor de cafeína em comparação ao café arábica, que é mais suave. O robusta é utilizado principalmente na produção de café solúvel, além de misturas para café expresso e bebidas geladas, enquanto o arábica é preferido por marcas premium, como Starbucks e Nespresso.
A cultura do robusta demonstra maior resistência ao calor, à seca e a doenças em comparação com o arábica, tornando-se cada vez mais atraente à medida que as mudanças climáticas afetam a produção tradicional de café.
Mudanças climáticas e estratégias para o café robusta brasileiro
Paulo Whitaker/Reuters
Colheita de café
As temperaturas máximas nas principais regiões de cultivo de café no Brasil aumentaram de 1,3 a 1,6 graus Celsius nos últimos 50 anos, enquanto a precipitação média caiu entre 93 e 211 milímetros, de acordo com o relatório.
A irrigação se revelou uma estratégia de adaptação essencial, afirmou o banco, acrescentando que cerca de 71% das plantações de robusta no Brasil são irrigadas atualmente, e as projeções indicam que esse número pode chegar a 363.800 hectares até 2040.
O relatório menciona que os custos de implementação das plantações de robusta são elevados, em torno de US$15.700 por hectare. A produtividade significativamente maior dessa cultura — quase 170% superior por hectare em relação ao arábica — ajuda a equilibrar esses custos, com um retorno estimado em cerca de quatro anos, segundo o Rabobank.
Do pasto degradado para o café
O Brasil possui cerca de 28 milhões de hectares de pastagens degradadas que podem ser convertidas para a agricultura, permitindo uma expansão sem desmatamento, acrescentou.
A isenção do café solúvel das regras de desmatamento da UE deve aumentar ainda mais a demanda por produtos à base de robusta, potencialmente acelerando o crescimento da produção brasileira, conforme o relatório.











