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A produção de café arábica nos cafezais de Minas Gerais, a principal região produtora global, apresentou floradas exuberantes para a safra de 2026 em algumas áreas. No entanto, o pegamento e o desenvolvimento dos frutos dependerão das chuvas, que estão escassas em partes do parque cafeeiro, conforme relataram especialistas e membros do setor.
As floradas são um momento crucial para a próxima safra de café do Brasil, o maior produtor e exportador do mundo. Minas Gerais representa aproximadamente 70% da produção de café arábica do país, segundo dados da Conab, a companhia nacional de abastecimento. Embora a variedade arábica seja dominante, a produção de grãos canéforas está crescendo.
A fase de floradas no ciclo do café é observada com atenção, especialmente em um momento em que o mundo precisa de uma boa produção brasileira para 2026, a fim de repor estoques que foram reduzidos nos últimos anos devido à alta demanda e colheitas abaixo do esperado.
No Cerrado Mineiro, onde mais da metade das áreas cultivadas não é irrigada e as temperaturas excedem 30 graus Celsius, há preocupação quanto ao volume de chuvas.
Fernando Couto, um cafeicultor e doutor em Agronomia que trabalha na região de Patrocínio/Serra do Salitre, mencionou que a maioria das lavouras irrigadas já apresentou flores, mas os cafezais de sequeiro do Cerrado precisam de atenção especial.
“O que preocupa é o clima, pois as chuvas não foram contínuas e não há previsão de chuvas significativas nos próximos 15 dias, com temperaturas elevadas”, afirmou ele, que é consultor do programa Sebrae/Educampo na Expocacer, cooperativa dos cafeicultores do Cerrado.
“Para a cultura de sequeiro, o desafio é ainda maior… a maioria das flores está abrindo nesta semana, e a florada foi muito intensa e bonita… isso tem um impacto visual… Agora, como será o pegamento dessa florada? Abrindo em condições de seca.”, destacou.
Uma avaliação da situação poderá ser feita nas próximas duas a três semanas, para entender o cenário do pegamento dos pequenos frutos, também conhecidos como chumbinhos.
Até pelo menos o dia 8 de outubro, as chuvas devem ser escassas nas regiões do Sul de Minas, Cerrado Mineiro e Mogiana Paulista, segundo dados meteorológicos do terminal da LSEG. Depois disso, os volumes de precipitação devem aumentar. Até o dia 18, a previsão é de chuvas levemente acima da média no Sul de Minas, enquanto o Cerrado apresentará umidade, mas em menor quantidade.
O Sul de Minas, que é a maior região produtora de café do Brasil, deve receber mais de 70 milímetros de chuvas nos próximos 15 dias, segundo as projeções, enquanto o Cerrado deve ter pouco mais de 20 mm, um volume abaixo da média.
De acordo com Guilherme Vinicius Teixeira, coordenador do Departamento de Geoprocessamento da Cooxupé, a maior cooperativa de cafeicultores do Brasil, as chuvas dos últimos 15 dias resultaram em uma indução floral. Ele observou que em outras áreas produtoras de Minas Gerais, as temperaturas mais amenas atrasaram o metabolismo da planta, consequentemente atrasando a florada.
“Isso significa que demorou um pouco mais para as flores abrirem após a chuva. Até agora, a florada está bonita. E ainda é um pouco cedo para afirmar se haverá um bom pegamento… considerando que as flores abriram entre quarta e quinta-feira”, comentou Teixeira, da Cooxupé, situada em Guaxupé, no Sul de Minas.
A cooperativa Minasul, localizada em Varginha, também no Sul de Minas, reportou boas floradas.
“O clima está favorável até o momento para o pegamento. As chuvas que induziram essa florada foram em média cerca de 30 mm. Esta semana, onde estive, o pegamento da florada está bom”, declarou Adriano Rabelo, coordenador do departamento técnico da Minasul.
Para uma boa safra no próximo ano, “é claro que precisamos de chuvas nos próximos dias”, acrescentou.
Na Alta Mogiana, área de atuação da cooperativa Cocapec, duas ocorrências de floradas foram registradas, a primeira no final de agosto e a segunda na quinta-feira desta semana.
“Essa foi significativa, com grande volume”, comentou Luiz Castagine, gestor técnico da Cocapec, com sede em Franca (SP), referindo-se à florada desta semana.
Entretanto, ele também alertou que as condições climáticas exigem atenção, pois as temperaturas estão elevadas na região e não há previsão de chuvas para os próximos dias.











