Organizações publicam informações sobre a safra de 2025, e surgem as primeiras previsões para 2026
Nos últimos 5 anos, a produção de café no Brasil tem enfrentado dificuldades devido às condições climáticas adversas, que têm impactado de forma significativa a produtividade e o volume das safras.
Devido a um clima desfavorável, que trouxe seca e altas temperaturas no período crítico de desenvolvimento da florada, resultando em grãos de qualidade inferior e menor rendimento, a safra de café brasileira de 2025 registra perdas de até 30% em algumas regiões do país.
O 4º Levantamento de Café 2025, divulgado no dia 4 de dezembro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), aponta que, mesmo sendo um ano de bienalidade negativa, a produção brasileira de café em 2025 está estimada em 56,5 milhões de sacas de 60 quilos, o que representa a terceira maior safra registrada na série histórica da companhia. Esse resultado é fruto de uma ligeira queda de 1,2% na área cultivada, estimada em 1,85 milhão de hectares, combinada com uma produtividade média nacional melhor, projetada em 30,4 sacas por hectare, reflexo do bom desempenho observado nas lavouras de conilon.
Para o conilon, a Conab esclarece que a regularidade climática favoreceu o vigor das plantas e resultou em uma elevada carga produtiva, resultando em uma safra de 20,8 milhões de sacas, o que representa um crescimento de 42,1% em relação à safra anterior.
O Relatório de Adido, divulgado no dia 2 de dezembro pelo Serviço Agrícola Estrangeiro do USDA, oferece um panorama produtivo dos principais países produtores. Para o Brasil, o USDA prevê que a safra 2025/26 deverá apresentar uma queda significativa na produção total, principalmente devido a uma redução de 13% na produção de arábica em comparação com a temporada anterior, enquanto a produção de robusta deve aumentar 19%, graças às condições climáticas favoráveis nas regiões produtoras. O Brasil deve então produzir 63 milhões de sacas em 2025/26, sendo 38 milhões de sacas de arábica e 25 milhões de sacas de robusta.
Quanto à produção de café do Vietnã, o USDA aponta que a produção total do país asiático deve ser ligeiramente maior, com a estimativa de 30,8 milhões de sacas para a safra de 2025, incluindo 29,6 milhões de robusta e 1,2 milhão de arábica. Infelizmente, os tufões Kalmaegi e chuvas extremamente fortes que atingiram o Vietnã durante a fase de colheita prejudicaram a produtividade em algumas áreas, especialmente na região Central das Terras Altas. Mesmo assim, alguns especialistas preveem que essa produção aumentará até 10% na safra 2025/26, a maior dos últimos 4 anos.
O excesso de chuvas também afetou a produção de café na Índia, resultando na queda dos frutos e no aumento de doenças fúngicas, levando a uma previsão de produção de café para o ano comercial em 6 milhões de sacas. Com condições climáticas mais favoráveis, maior investimento em insumos e melhores práticas de manejo agrícola, a Indonésia deve colher este ano um total de 12,5 milhões de sacas, conforme as estimativas do USDA.
E para a Colômbia, o relatório estima uma produção (toda de arábica) de 13,8 milhões de sacas. O documento destaca que na temporada anterior o país teve a maior colheita dos últimos 30 anos, e agora as lavouras mostram sinais de exaustão com floradas reduzidas, resultando em uma queda de 6,8% na safra atual.
Focando na safra de 2026: Safra brasileira recorde?
Ainda que seja cedo para a divulgação de volumes reais, algumas entidades que representam o setor cafeeiro no Brasil já arriscaram estimativas para a safra de 2026, baseando-se nas primeiras previsões sobre o pegamento da florada em algumas áreas produtoras.
Embora ainda esteja abaixo do potencial máximo que poderia ser atingido em condições climáticas ideais, a safra 2026/27 de café no Brasil deve avançar 13,5% e alcançar 70,7 milhões de sacas, sendo 47,2 milhões de arábica (um aumento anual de 29,3%) e 23,5 milhões de sacas de robusta (uma queda de 8,9%), conforme divulgado pela StoneX no último dia 12 de novembro. A empresa também estima que o saldo final da próxima safra refletirá o equilíbrio entre perdas regionais e ganhos em novas áreas plantadas, além da recuperação em Rondônia.
A consultoria Safras & Mercado prevê que no próximo ano a colheita brasileira deve crescer 10,5% em relação ao ciclo anterior, devido a um clima mais favorável neste ano durante importantes fases de desenvolvimento do café. A estimativa inicial aponta para um aumento de 21,8%, com a produção de arábica alcançando 46,70 milhões de sacas.
