Por Letícia Fucuchima e Marcelo Teixeira
SÃO PAULO/NOVA YORK (Reuters) – O consumidor de café nos EUA enfrentará um aumento de 50% nas tarifas anunciado pelo presidente americano, Donald Trump, ao Brasil, que é o maior fornecedor do grão para o país, afirmou nesta quarta-feira o diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos.
Matos mencionou que a entidade está acompanhando de perto as discussões sobre tarifas nos EUA, que representa o maior mercado consumidor de café do mundo, enquanto o Brasil lidera como principal produtor e exportador.
Ele enfatizou que os exportadores de café mantêm a esperança de que o “bom senso e a previsibilidade de mercado” prevaleçam, já que estão engajados em uma “agenda positiva” com parceiros nos EUA desde o anúncio anterior do governo americano sobre uma tarifa básica de 10% em produtos do Brasil.
O setor vem pleiteando que o café seja incluído em uma lista de exceções isentas de tarifas nos EUA, com o apoio da Associação Nacional do Café (NCA) dos EUA.
Matos recordou que, com uma tarifa de 10%, o Brasil possuía uma vantagem competitiva em relação a outros grandes produtores de café também tributados, como Vietnã e Indonésia.
“Temos esperança de que o bom senso prevaleça e que haja previsibilidade de mercado, pois sabemos que quem será onerado é o consumidor norte-americano. Qualquer impacto no consumo é prejudicial para o fluxo de comércio, para a indústria e para o desenvolvimento dos países”, declarou Matos.
Um terço do café consumido nos EUA provém do Brasil.
“Não acredito que será economicamente viável vender café para os EUA com 50% de imposto. Vamos acompanhar a evolução disso, mas a situação ficou bastante complicada”, avaliou um diretor de uma das maiores empresas exportadoras de café do Brasil, sob condição de anonimato.
Em 2024, as exportações de café do Brasil ultrapassaram 50 milhões de sacas de 60 kg pela primeira vez na história, conquistando mercado em relação a concorrentes asiáticos. Os embarques para os EUA totalizaram 8,13 milhões de sacas no ano passado, um aumento de 34% em comparação a 2023.
Quando contatada, a Associação Nacional do Café (NCA) dos EUA informou que não iria se pronunciar.
(Por Letícia Fucuchima e Marcelo Teixeira)
