Por Oliver Griffin
SÃO PAULO (Reuters) – A colheita da safra brasileira de café arábica para 2025 está progredindo em regiões chave, embora em algumas localidades muitas cerejas tenham caído no chão, informaram dois especialistas à Reuters esta semana. As previsões mais otimistas de produção, juntamente com uma expectativa de menor demanda, têm pressionado os preços para baixo.
A Cooxupé, a maior cooperativa de café do mundo, já colheu pouco mais de 24% da produção esperada até o momento, mas muitos grãos maduros caíram no chão em algumas áreas, afirmou o gerente de desenvolvimento técnico do grupo, Mario Ferraz de Araujo, na quinta-feira.
“Isso certamente impactará a qualidade do café”, disse ele, mencionando que as plantas que floresceram precocemente foram as mais afetadas.
A colheita está avançando consideravelmente em algumas regiões, embora alguns produtores estejam aguardando que as variedades de maturação mais tardia estejam prontas antes de prosseguir, informou Jonas Ferraresso, agrônomo de café que assessora agricultores no Brasil, na quarta-feira.
A questão das cerejas caídas também foi um ponto destacado nas observações de Ferraresso.
“A preocupação é que, em várias regiões, essas cerejas caídas estão no solo há mais de 40 a 60 dias”, disse ele, ressaltando que, devido às chuvas recentes e à alta umidade do solo, os grãos de varrição podem estar comprometidos.
Algumas áreas nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná experimentaram geadas leves a moderadas, mencionou Ferraresso, acrescentando que uma avaliação completa dos danos levará alguns dias.
Vídeos compartilhados entre cafeicultores do sul de Minas Gerais e vistos pela Reuters mostraram folhas de algumas plantas de café cobertas de geada.
No geral, as melhores estimativas de produção e a diminuição da demanda resultaram em uma queda de 17% nos preços do arábica nos últimos três meses, informou Carlos Mera, chefe de pesquisa de mercados de commodities agrícolas do Rabobank, em uma nota de pesquisa na terça-feira.
No entanto, mesmo com a colheita de 2025 avançando, a perspectiva de vendas continua incerta, acrescentou ele.
“Os agricultores estão bem capitalizados e provavelmente esperarão para ver se há algum risco de geada durante o inverno do Hemisfério Sul ou se algum padrão climático seco e quente pode impactar o próximo ciclo de floração antes de se tornarem vendedores ávidos”, disse Mera.