Atualizado em: 05/09/25 Café Arábica Bebida Dura tipo 7: R$ 2.120,00 Café Arábica Rio 7: R$ 1.750,00 Conilon tipo 7: R$ 1.300,00
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CUSTOS AGRÍCOLAS/CEPEA: Conflito entre Irã e Israel traz preocupações a setor agrícola - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada

Conflitos recentes destacam a dependência externa em fertilizantes – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada

O Brasil apresenta uma alta dependência da importação de insumos, com aproximadamente 85% do adubo utilizado no País vindo de fora, conforme um relatório da Anda (Associação Nacional para Difusão de Adubos). Os fertilizantes mais consumidos no Brasil incluem cloreto de potássio, ureia, super simples, sulfato de amônio e MAP, que são essenciais para o cultivo de soja, milho, cana-de-açúcar, algodão e café.

A produção de fertilizantes nitrogenados no Brasil tem enfrentado desafios significativos. A Petrobras era a principal produtora de ureia até 2017, quando decidiu se retirar do mercado de fertilizantes. A unidade em Araucária (PR) foi desativada, e duas unidades no Nordeste foram arrendadas à Unigel em 2019. Contudo, devido à alta dos preços do gás natural e à queda dos preços da ureia e amônia em 2023, a empresa estatal optou por interromper suas atividades. Nesse contexto, o relatório da Anda indica que não houve produção de ureia no Brasil em 2024, e apenas uma pequena quantidade de sulfato de amônio foi fabricada.

De acordo com a Secex, a ureia importada pelo Brasil em 2024 teve sua origem principalmente no Oriente Médio (Irã, Catar, Arábia Saudita e Barein), que respondeu por 39,3% do total adquirido. A Rússia também é um fornecedor relevante, com 18% da ureia importada no ano anterior. O sulfato de amônio é praticamente totalmente dependente do mercado externo, com cerca de 100% de suas importações, sendo 75% provenientes da China.

No segmento de fosfatados, o adubo super simples é o menos dependente de importação, com cerca de 60% de sua produção sendo nacional. Em contrapartida, o MAP apresenta uma dependência maior, com 70% a 80% do fertilizante comercializado no mercado interno vindo do exterior – em 2024, os principais fornecedores foram Rússia, Marrocos e Arábia Saudita. Em relação ao potássio, aproximadamente 14 milhões de toneladas foram importadas no ano passado, com 39% desse volume vindo da Rússia, 35% do Canadá e 10% do Uzbequistão, segundo dados da Secex (2025). A produção nacional desse insumo representa menos de 3% do que é utilizado na agricultura brasileira.

O conflito entre Rússia e Ucrânia em 2022 destacou a vulnerabilidade do abastecimento de adubos, dado que o Brasil depende de ureia, MAP e cloreto de potássio da Rússia. As negociações diplomáticas asseguraram o fornecimento desses fertilizantes, embora a preços elevados. A situação não se agravou mais porque os preços dos produtos agrícolas estavam altos, mantendo o poder de compra. Nesse cenário, o governo federal lançou em 2022 o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), com o objetivo de servir como referência para o planejamento do setor nas próximas décadas.

Em 2024, a Petrobras aprovou a criação de uma unidade de fertilizantes em Três Lagoas (MS), projeto que estava adormecido desde 2015, com operações previstas para iniciar em 2028. Também foi concedida licença para a exploração de uma mina de potássio em Autazes (AM). A Yara está investindo na descabornização da cadeia produtiva de fertilizantes, com foco na produção de amônia verde a partir de hidrogênio verde, um combustível derivado de fontes renováveis. Recentemente, no primeiro quadrimestre de 2025, a Petrobras firmou um acordo com a Unigel para retomar a produção de fertilizantes.

O recente conflito entre Irã e Israel gerou preocupações entre os agentes do mercado de fertilizantes e os produtores rurais, especialmente aqueles que dependem de nitrogenados que utilizam gás natural. A escalada das tensões no Oriente Médio e a decisão do Parlamento iraniano de fechar o Estreito de Ormuz foram momentos críticos. É importante destacar que o Estreito de Ormuz conecta o Golfo Pérsico e o Golfo de Omã, sendo uma rota que transporta cerca de 30% do petróleo mundial e entre 38% e 40% da ureia comercializada globalmente. Outro aspecto preocupante foi o aumento do seguro contra riscos de guerra para embarcações com destino ao Oriente Médio.

Os projetos de construção e retomada da produção de fertilizantes no Brasil estão em progresso e são promissores a longo prazo, mas, nas circunstâncias atuais, o País continua a ser fortemente dependente de produtos importados, o que torna os produtores nacionais, principalmente os médios e pequenos, mais vulneráveis, pois possuem menos recursos para mitigar o aumento dos custos de produção.

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