Os elevados preços da commodity, especialmente no segundo semestre de 2024, resultaram no maior valor histórico para os embarques; em termos de volume, o desempenho foi o terceiro melhor, atrás apenas das safras 2023/24 e 2020/21.
De acordo com o último relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o Brasil alcançou o maior valor histórico em embarques do produto durante os 12 meses da safra 2024/25. As remessas internacionais totalizaram US$ 14,728 bilhões, o que representa um crescimento significativo de 49,5% em relação aos US$ 9,849 bilhões do recorde anterior, registrado entre julho de 2023 e o final de junho de 2024.
“Os preços, especialmente no segundo semestre de 2024, foram impulsionados por uma redução nos potenciais produtivos dos principais países produtores, um fenômeno que se manifestou ao longo dos últimos cinco anos, com eventos climáticos extremos afetando as plantações de café no Brasil, Vietnã, Colômbia e Indonésia. Isso resultou em uma elevação considerável no valor do café e maximizou a receita cambial histórica das nossas exportações”, comenta o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira.
Em termos de volume, o Brasil exportou 45,589 milhões de sacas de 60 kg – o equivalente a 152.938 contêineres – de todos os tipos de café para 115 países, na temporada 2024/25, o que representa uma queda de 3,9% em comparação aos 47,455 milhões embarcados nos 12 meses da safra 2023/24. Este foi o terceiro melhor desempenho da história, ficando atrás apenas da safra anterior e da 2020/21 (45,675 mi de sacas).
O presidente do Cecafé ressalta o desempenho das exportações, especialmente em um cenário geopolítico conturbado, com novas regulamentações no comércio global de café e grandes desafios logísticos, particularmente nos portos do país.
“A terceira melhor marca na história das exportações brasileiras de café é expressiva, considerando que foi alcançada em meio a conflitos geopolíticos, que trazem ainda mais desafios para a logística comercial global, e a um cenário de infraestrutura defasada nos portos do Brasil, resultando em atrasos sucessivos e mudanças de escala, o que compromete a consolidação dos embarques e causa grandes prejuízos aos exportadores brasileiros devido a taxas inesperadas de sobre-estadia e armazenagem extra”, observa.
“Além disso – complementa Ferreira –, temos testemunhado a introdução de regulamentos socioambientais no comércio global, especialmente na Europa, para onde enviamos mais de 23 milhões de sacas, ou mais da metade do total, evidenciando o caráter sustentável dos cafés brasileiros”.
Os resultados da safra 2024/25 foram consolidados com o fechamento dos números de junho deste ano, quando o Brasil exportou 2,606 milhões de sacas e gerou uma receita cambial de US$ 1,030 bilhão. Essa performance também elevou os embarques brasileiros de café para 19,411 milhões de sacas no primeiro semestre de 2025, resultando em US$ 7,519 bilhões em divisas para o Brasil.
PRINCIPAIS DESTINOS
Os Estados Unidos foram os principais parceiros comerciais dos cafés brasileiros na safra 2024/25, comprando 7,468 milhões de sacas. Este volume representa um aumento de 5,65% em relação aos 12 meses da temporada anterior e corresponde a 16,4% das exportações totais de café do país.
A Alemanha, com 14,3% de participação, adquiriu 6,526 milhões de sacas (+0,25%) e ocupou a segunda posição no ranking. Em seguida, estão a Itália, com 3,554 milhões de sacas (-5,96%); a Bélgica, com 3,088 milhões de sacas (-21,2%); e o Japão, com 2,293 milhões de sacas (-7,38%).
TIPOS DE CAFÉ
Nos 12 meses da safra 2024/25, o café arábica foi a variedade mais exportada pelo Brasil, com 34,808 milhões de sacas enviadas ao exterior. Este total equivale a 76,4% do montante total, mesmo apresentando uma queda de 1,9% em relação ao mesmo período anterior.
Na sequência, com 6,572 milhões de sacas exportadas, está a variedade canéfora (conilon + robusta), que registrou uma diminuição de 20,3% em comparação à temporada 2023/24. Este tipo de produto representou 14,4% das exportações totais.
Os segmentos de café solúvel, com 4,152 milhões de sacas – um aumento de 12,6% e 9,1% do total –, e o produto torrado e moído, com 56.862 sacas (+21,3% e 0,1% de participação), completam a lista.
CAFÉS DIFERENCIADOS
Os cafés que possuem certificados de práticas sustentáveis ou qualidade superior representaram 19,5% das exportações totais brasileiras na safra 2024/25, com 8,907 milhões de sacas enviadas ao exterior. Esse volume é 1,2% superior ao acumulado de julho de 2023 a junho do ano passado.
Com um preço médio de US$ 369,56 por saca, a receita cambial proveniente dos embarques de produtos diferenciados atingiu US$ 3,292 bilhões, correspondendo a 22,4% do total obtido em todas as exportações no ciclo cafeeiro recém-concluído. Em comparação aos 12 meses da temporada 2023/24, esse valor é 63,2% maior.
Os EUA lideraram a lista dos principais destinos dos cafés diferenciados, comprando 1,744 milhão de sacas, o que representa 19,6% do total desse tipo de produto exportado. Fechando o top 5, aparecem a Alemanha, com 1,477 milhão de sacas e 16,6% de participação; Bélgica, com 813.132 sacas (9,1%); Países Baixos, com 593.389 sacas (6,7%); e Itália, com 509.991 sacas (5,7%).
PORTOS
O Porto de Santos foi o principal ponto de exportação dos cafés brasileiros na safra 2024/25, com a remessa de 33,079 milhões de sacas, representando 72,6% do total. Em seguida, o complexo portuário do Rio de Janeiro respondeu por 22,7%, enviando 10,337 milhões de sacas ao exterior, enquanto o Porto de Vitória (ES) exportou 348.121 sacas, com uma participação de 0,8%.
O relatório completo sobre as exportações de café do Brasil, com o fechamento dos números da safra 2024/25, está disponível no site do Cecafé: https://www.cecafe.com.br/.