A recuperação do arábica, juntamente com uma safra de conilon ainda robusta, favorece a reconstituição dos estoques globais.
A Hedgepoint Global Markets apresenta sua primeira previsão para a safra brasileira de café 2026/27. As chuvas dos meses de outubro e novembro beneficiaram a floração do arábica, enquanto o conilon continuou a se desenvolver bem nas principais regiões produtoras, embora a produção deva ficar abaixo do pico alcançado na safra 2025/26.
De acordo com as estimativas da empresa, a produção de arábica está inicialmente projetada entre 46,5 e 49,0 milhões de sacas, superando as 37,7 milhões colhidas em 2025/26, enquanto a produção de conilon é estimada entre 24,6 e 25,4 milhões de sacas (em comparação com 27,0 milhões em 2025/26). Dessa forma, o Brasil pode produzir entre 71,0 e 74,4 milhões de sacas na safra 2026/27.
Panorama da produção
- Arábica: um aumento de 23,3% a 30,0% em relação a 2025/26, impulsionado por novas áreas, bom manejo e um ciclo bienal positivo em diversas lavouras, favorecido por condições climáticas favoráveis após meados de outubro, embora a produtividade ainda apresente variações entre regiões.
- Conilon: uma queda de -8,9% a -5,9% em relação a 2025/26 após um ciclo excepcional, parcialmente compensada pela expansão e renovação das áreas desde 2023.
Condições climáticas e floração
Entre agosto e o início de outubro, a seca atrasou a floração e causou perdas nas primeiras floradas em algumas áreas. A partir de meados de outubro, chuvas mais intensas retornaram às regiões de arábica, permitindo uma segunda floração e renovando as expectativas para 2026/27.
Segundo Laleska Moda, analista de café da Hedgepoint Global Markets, houve um aumento nas podas em áreas com plantas danificadas que não haviam sido podadas na temporada anterior devido aos altos preços. “Simultaneamente, continua o investimento em novas áreas, cujos resultados se tornarão mais evidentes nos próximos anos”, comenta.
No conilon, a regularidade das chuvas e bons níveis de reservatórios no Espírito Santo e na Bahia favorecem a floração e o enchimento dos grãos.
Implicações de mercado
Com a recuperação do arábica e uma produção de conilon ainda significativa, a safra 2026/27 deve contribuir para a recomposição dos estoques globais. No entanto, números mais precisos serão divulgados após a fase de enchimento dos grãos (entre dezembro e março), mantendo o mercado alerta a qualquer adversidade climática e suscetível à volatilidade. “O sentimento recente se tornou mais baixista devido à expectativa de maior produção brasileira e à eliminação da maioria das tarifas dos EUA sobre o café brasileiro, embora a situação dos estoques e as menores exportações brasileiras possam oferecer suporte a curto prazo”, afirma.
Conforme a analista, os campos estão atualmente na fase de enchimento dos grãos. Revisões nas estimativas serão publicadas entre março e abril, quando os rendimentos de processamento poderão ser avaliados com mais precisão.
“A safra 2026/27 deve representar um ponto de inflexão para o mercado. Esperamos que a produção de arábica fique entre 46,5 e 49,0 milhões de sacas, enquanto o conilon deve variar entre 24,6 e 25,4 milhões. Apesar da diminuição natural no conilon após um ciclo histórico, a expansão das áreas e a regularidade das chuvas sustentam um cenário positivo. Até que a fase de enchimento dos grãos seja concluída, os preços continuarão sensíveis ao clima no Brasil e aos níveis dos estoques nos destinos, o que pode criar janelas de volatilidade e oportunidades”, explica Laleska Moda.
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