Anunciado pelo Governo Federal na terça-feira (01), o Plano Safra 2025/2026 disponibilizará R$ 605,2 bilhões em crédito rural para a agricultura brasileira, beneficiando tanto médios e grandes produtores quanto a agricultura familiar. Desse montante, R$ 516,2 bilhões serão direcionados à Agricultura Empresarial, enquanto R$ 89 bilhões apoiarão ações do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e outras políticas complementares, como compras públicas, seguro agrícola, assistência técnica e garantia de preços mínimos.
Na Agricultura Empresarial, os recursos aumentaram em R$ 8 bilhões em comparação com a temporada anterior, representando um crescimento de 1,5% sobre os R$ 508,5 bilhões disponibilizados em 2024/2025. As taxas de juros das linhas de crédito foram ajustadas, com um aumento de até dois pontos percentuais. Para os produtores médios, a taxa de juros será de 10% ao ano; para os grandes, será de 14%. Os financiamentos para investimento terão juros variando entre 8,5% e 13,5% ao ano.
Para a agricultura familiar, o montante destinado é recorde, superando os R$ 76 bilhões da safra anterior. Do total anunciado, R$ 78,2 bilhões serão alocados diretamente ao Pronaf, que em 2025 celebra 30 anos de contribuição para o fortalecimento da agricultura familiar no país. No entanto, ainda não há definição sobre o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), uma vez que o governo implementou um congelamento de R$ 445 milhões até que novos mecanismos de aporte sejam definidos.
Representando a iniciativa privada do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), estiveram presentes no evento de lançamento do Plano Safra o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, e o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Pavel Cardoso.
Durante a cerimônia, o Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, destacou que, além dos recursos do Plano Safra, a cafeicultura contará com R$ 7,187 bilhões do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé). “A cafeicultura está retomando seus tempos áureos no Brasil e no mundo, impulsionada pelo recorde de mais de R$ 7 bilhões investidos pelo Funcafé”, enfatizou.
Fávaro também aproveitou a ocasião para reiterar a publicação da Portaria nº 811 do MAPA, realizada nessa terça-feira, que inclui o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) como um dos representantes do governo no CDPC, destacando ainda a inclusão inédita dos produtores do Pronaf e do Pronamp entre os representantes do Funcafé.
“O acesso dos pronafianos e pronampianos ao Funcafé, independentemente do acesso ao Plano Safra, amplia as opções de crédito para o produtor de café. Isso visa estimular os pequenos produtores dessa cultura vital, garantindo renda no campo, reduzindo desigualdades e criando oportunidades”, explicou o Ministro.
Silas Brasileiro elogiou o trabalho do Ministro Carlos Fávaro e de toda a equipe do Mapa no planejamento e execução do Plano Safra 2025/2026. “Devemos destacar o trabalho profícuo e comprometido do Ministro Fávaro, que demonstrou sensibilidade, visão estratégica e firmeza na condução das políticas agrícolas do país. Sua atuação tem sido crucial para garantir avanços concretos ao setor produtivo, especialmente na cafeicultura. É igualmente importante reconhecer a competência técnica e o empenho incansável de toda a equipe do Mapa, especialmente do Secretário de Política Agrícola, Guilherme Campos, e do Secretário-Adjunto, Wilson Vaz de Araújo, que têm se esforçado com seriedade, diálogo e profundo conhecimento do setor para garantir que os recursos cheguem de forma eficiente aos produtores. Estamos cientes dos diversos desafios enfrentados no atual cenário econômico, mas com responsabilidade, organização e espírito público, mais uma vez conseguimos entregar um Plano Safra robusto, abrangente e histórico para a agropecuária brasileira.”
Análise do CNC
Com o recente anúncio do Plano Safra 2025/2026 e após a divulgação das diretrizes do Conselho Monetário Nacional (CMN), o produtor de café, que neste momento está diante da fase crítica de gastos da safra atual, poderá finalmente acessar os recursos do Funcafé. Isso permitirá cobrir os custos da colheita e honrar os compromissos reforçados, especialmente aqueles relacionados à aquisição de insumos.
Essa condição possibilita ao produtor um planejamento mais eficiente para aproveitar os momentos mais favoráveis do mercado. A orientação que o CNC sempre reiterou — e que novamente se mostra pertinente — é que o cafeicultor venda sua produção de forma gradual. Essa estratégia evita pressão excessiva de oferta nos períodos iniciais de comercialização e permite um melhor aproveitamento das oscilações positivas de preço.
As estimativas da safra 2024/2025 indicam uma produção em torno de 60 milhões de sacas de 60 kg, conforme já divulgado pela CNC. Esse número é consistente com os dados coletados até o momento e reforça um cenário impactado pelo baixo volume dos estoques de passagem — o menor dos últimos anos. Essa realidade é de grande relevância, especialmente quando consideramos o corte técnico realizado em 31 de março de cada ano, que orienta as estatísticas oficiais.
Outro aspecto a ser considerado é o comportamento das exportações em 2024. O volume exportado surpreendeu parte significativa da demanda dos países importadores, seja por meio de traders ou pelas próprias redes de cafeterias. Esse fornecimento alertou esses mercados a esgotar seus estoques, aguardando a colheita das novas safras dos principais países produtores para então retomar o ritmo normal de exportação.
Nesse contexto, cabe a cada produtor, individualmente, avaliar sua realidade e o momento mais adequado para comercializar seu café. Opiniões de analistas, como as observadas recentemente — ora mencionando a falta de chuva no enchimento dos frutos, ora a normalização das precipitações — podem gerar dúvidas e interpretações divergentes. No entanto, cada cafeicultor conhece seu trabalho e pode analisar, com base na sua experiência, o real impacto do clima na produção atual.
O consenso entre os analistas é que os estoques da passagem dos últimos quatro anos estão entre os mais baixos da história da cafeicultura brasileira. Esse fator deve ser considerado com atenção estratégica pelos produtores, na busca pelo melhor posicionamento no mercado e valorização da renda na ponta.
Neste cenário, reafirmamos o compromisso da CNC de continuar trabalhando ao lado das cooperativas e dos produtores, promovendo o fortalecimento do setor e buscando melhores condições de acesso ao crédito, sustentabilidade econômica e segurança na comercialização da produção.
“Informamos, ainda, que as exceções aplicadas com competência pelo Departamento do Café do MAPA estão viabilizando o rápido credenciamento de praticamente todos os agentes financeiros para operarem com os recursos do Funcafé, assim que seja publicado o voto do CMN definindo as taxas de juros do Fundo. Como de hábito, o diretor de Comercialização, José Maria dos Anjos, e a coordenadora-geral do Café, Janaína Macedo, junto de suas respectivas equipes, realizaram um trabalho extraordinário e digno de reconhecimento”, concluiu Silas Brasileiro.