Atualizado em: 20/10/2025 Café Arábica Bebida Dura tipo 7: R$ 2.150,00 Café Arábica Rio 7: R$ 1.650,00 Conilon tipo 7: R$ 1.350,00
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Startup Argentina de Cápsulas de Café Quer Faturar US$ 8,7 milhões em 2026; Brasil Está na Jogada

Startup Argentina de Cápsulas de Café Almeja Rendimento de US$ 8,7 Milhões até 2026; Brasil é Parte da Estratégia.

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Em 2015, enquanto atuava na Pirelli Pneus, o argentino Christian Faraoni lidava com um desafio cotidiano: a obtenção de cápsulas reutilizáveis para máquinas de café Nespresso. A tarefa se mostrava complexa e, além disso, não havia um sistema eficaz de reciclagem, com a logística reversa sendo pouco utilizada pelos consumidores.

O que inicialmente parecia ser apenas um aborrecimento se transformou na base de um negócio que hoje gera 1,6 bilhão de pesos (US$ 1,1 milhão ou R$ 4,5 milhões na cotação atual), com vendas estimadas em 12.500 bi de pesos (US$ 8,7 milhões ou R$ 43 milhões) para 2026. O café é importado de Brasil, Peru, Colômbia, Bolívia e Ruanda.

A ideia surgiu, literalmente, na cozinha de Faraoni. Com conhecimentos sobre o manuseio de plásticos herdados de sua família e um forte desejo de empreender, ele começou a fazer experimentos à noite, enquanto sua esposa e filhos dormiam, utilizando quatro máquinas Nespresso como laboratório.

Depois de várias tentativas sem sucesso — e prestes a desistir de seu sonho — o CEO da empresa conseguiu desenvolver uma cápsula recarregável que proporcionava a mesma cremosidade de uma cápsula tradicional e que poderia ser reutilizada até 100 vezes. Assim nasceu a Caffettino, a pioneira na fabricação de cápsulas recarregáveis projetadas e produzidas na Argentina, registradas como modelo industrial.

Desde 2016, o projeto evoluiu como um empreendimento individual, enfrentando todos os desafios de iniciar um negócio sem sócios ou estrutura. Porém, tudo mudou três anos depois, quando Fernando Vidal (cunhado de Faraoni e recém-desvinculado de uma multinacional) se uniu ao projeto. Esse foi o ponto de inflexão: a Caffettino passou de uma empresa de cápsulas recarregáveis para uma companhia completa de café especial, onde as cápsulas se tornaram um veículo e não o foco principal do negócio.

Da cozinha à planta própria

A transformação exigiu investimento, colaboradores e, principalmente, infraestrutura. A Caffettino deixou de terceirizar a produção e inaugurou sua própria planta em Villa Lynch, equipada com uma área de injeção de plástico, um setor de montagem e outro destinado exclusivamente ao processamento do café. Tudo com tecnologia de ponta: uma torradora italiana IMF, equipamentos automáticos de embalagem e a primeira embalagem automática de café filtrado (drip coffee) do país.

Atualmente, a empresa conta com uma equipe de 20 pessoas entre a planta e os escritórios.
A sinergia foi fundamental desde o início. Ao instalar sua primeira torradora, os sócios buscaram trabalhar com referências do setor, colaborando com La Motofeca, um dos tostadores mais renomados do país. O nome da marca, inclusive, surgiu de uma anedota corporativa envolvendo um gerente italiano que visitava Buenos Aires e repetia constantemente “andiamo dal capo a prendere un caffettino” (vamos ao chefe tomar um cafezinho). Esse toque cultural ficou gravado na identidade da empresa.

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A Caffettino lançou as primeiras cápsulas compostáveis produzidas na Argentina

O investimento inicial foi de US$ 40.000 e, apesar dos desafios encontrados, o contexto global favoreceu o negócio em um momento crucial: a pandemia impulsionou o consumo doméstico de café e acelerou o crescimento da empresa.

Entre 2019 e 2020, houve um aumento de 450%, um salto que exigiu a profissionalização dos processos e da estrutura. “Passamos de um crescimento abrupto para um mais moderado, mas sustentável. Para o final deste ano, esperamos encerrar com um aumento de 45% em relação a 2024”, afirma Faraoni.

O desafio da sustentabilidade

A Caffettino recentemente lançou as primeiras cápsulas compostáveis produzidas na Argentina, um marco para a indústria local. Esse produto é resultado de mais de três anos de pesquisa, desenvolvimento e testes em colaboração com fornecedores e especialistas do setor. As cápsulas são fabricadas com biopolímeros de fonte renovável (amido de batata) e seladas hermeticamente com filtros também compostáveis, garantindo frescor e uma extração de qualidade.

“Essas cápsulas simbolizam o equilíbrio entre sustentabilidade, funcionalidade e experiência. Conseguimos criar um produto compostável sem comprometer a qualidade, algo essencial para nós desde o primeiro dia”, explica o CEO. Enquanto as cápsulas tradicionais de alumínio ou plástico podem levar entre 150 e 500 anos para se decompor, as da Caffettino se degradam em 6 a 12 meses em compostores domésticos, potencializadas até mesmo pelos resíduos orgânicos do café.

A planta atualmente tem capacidade para produzir até 300.000 cápsulas por mês — mais de 12.000 por dia — com uma injetora e molde especialmente projetados para esse desenvolvimento. A expectativa é dobrar a capacidade nos próximos meses, expandir o sistema para Dolce Gusto e fabricar para terceiros sob marca branca. “Nosso objetivo é que essa inovação transcenda a Caffettino e impacte toda a indústria”, destaca o fundador.

A empresa oferece café torrado, cápsulas recarregáveis, cápsulas compostáveis, café filtrado (drip coffee) e, desde dezembro, sua nova linha Caffettino Home, com cafeteiras e acessórios selecionados em uma viagem estratégica à China. “Não buscamos substituir a produção local, mas sim complementar o portfólio com produtos difíceis de desenvolver na Argentina”, enfatiza Faraoni.

Christian Faraoni e Fernando Vidal fundaram a Caffettino, com a expectativa de faturar R$ 12.500 milhões (US$ 2.500 milhões) no próximo ano. Com uma base de mais de 50.000 consumidores digitais, a empresa atende tanto iniciantes no café de especialidade quanto aqueles que buscam microlotes e perfis mais exóticos. A experiência do usuário é central: desde as primeiras cápsulas recarregáveis até o pacote de café com uma colher dosadora inclusa, cada produto visa simplificar o ritual sem sacrificar a qualidade.

Após tentativas sem sucesso na Espanha e no Peru, a empresa percebeu que a expansão internacional demandaria aliados estratégicos. Atualmente, colabora com uma empresa alemã para adaptar sua embalagem e alcançar a Europa.

Além disso, Faraoni enfatiza que o diferencial da marca não é apenas o produto, mas a visão: “Torrar café é uma arte. Cada estilo requer uma torra ideal e cada método um moído específico. Nosso trabalho é trazer essa experiência sensorial para casa e transformar algo cotidiano em algo inspirador”.

Enquanto completam seu portfólio doméstico e reforçam a distribuição, a missão da Caffettino continua sendo a mesma que começou em uma cozinha há quase uma década: inovar, elevar a experiência e transformar cada xícara em um momento que valha a pena.

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